Você talvez já tenha ouvido falar na terceira onda do café. Ainda não? Tranquilo, você vai saber mais nesse post. Se você já ouviu falar, quero te mostrar um pouco mais sobre o que veio antes, que no caso são a primeira e a segunda ondas. Essas ondas são movimentações dentro do mercado do café que atingem desde sua produção até hábitos de consumo, filosofias, culturas, etc… As três ondas do café podem acontecer em âmbito global mas não ao mesmo tempo, pois, alguns países acabam avançando mais rapidamente do que outros. Cada onda veio em resposta a anterior agregando e modificando alguns aspectos, então cada uma tem um pouco da outra.

 

#Primeira Onda

Foto via https://newsela.com/read/gl-history-great-depression-essay

Durante a 2ª guerra mundial e a grande depressão o café surgiu como uma bebida salvadora, causando aumento do consumo e tornando-o mais acessível.  A produção do café foi industrializada, então agora ele chega torrado, moído, barato e embalado a vácuo direto no supermercado. Antes disso, apenas as pessoas mais ricas conseguiam ter acesso ao café neste formato, os demais precisavam comprar os grãos verdes para torrar e moer em casa. Em meio a este cenário, o café veio como uma bebida estimulante, prática e de baixo custo, pois havia se tornado uma commoditie. O café solúvel também surgiu nessa época tornando ainda mais simples o preparo do café. Algumas características da bebida na primeira onda:

Torra: escura
Espécie: Robusta
Volume: alto
Qualidade: baixa
Método: coado e solúvel
Principal ponto de venda: supermercados

 

#Segunda onda

Foto via https://www.theguardian.com/cities/2015/may/14/the-first-starbucks-coffee-shop-seattle-a-history-of-cities-in-50-buildings-day-36

Marcada pelo surgimento das grandes cafeterias como starbucks, o café passa a ser encarado como uma cultura de consumo e uma experiência. Inicialmente houve a entrada do café de forma artesanal, com variações de torra em contrapartida a onda anterior no qual o café estava mais ligado a produção em massa. Movido pelo mundo dos vinhos, na segunda onda o café começa a ser percebido pela sua origem diferenciando o café do Brasil, do café da Guatemala, por exemplo. Os cafés especiais entram em cena e as cafeterias rapidamente começam a crescer. Aqui então vem o ponto da virada. Pelo potencial de lucratividade dessas cafeterias e visando ganhar mais dinheiro, decidiu-se por trabalhar o café em larga escala e padronizar a torra (escura). O uso de aditivos como chocolate, chantilly, creme, entre outros vem para mascarar o gosto amargo do café, que vem da torra escura. A praticidade também era valorizada nesta onda bem como o ambiente social que as cafeterias proporcionaram. Aqui surge o expresso, bebidas a base de café, o cappuccino e o latte.

Torra: média e escura
Espécie: Robusta e Arábica
Volume: alto
Qualidade: média
Método: expresso, coado e bebidas a base de café
Principal ponto de venda: grandes cafeterias

 

#Terceira onda

Foto do Zachary Carlsen via http://sprudge.com/world-brewers-cup-102370.html

Sabia que não precisa colocar açúcar no café? Devido a maior qualidade e diferenciação do café, agora são percebidas suas notas aromáticas (doçura, acidez, etc) e a bebida é reconhecida pelo seu sabor. O café é fortemente percebido como um produto de terroir no qual a região produtora, passa a ser um indicativo de qualidade e também de conhecimento sobre o produto que agora é artesanal. Surge o conceito de micro lote para destacar uma pequena produção, de alta qualidade, única e com volume limitado. É a onda da exclusividade e da qualidade. Existe transparência em toda a cadeia prezando por aspectos sócio-ambientais e trazendo mais empoderamento ao produtor, dono da fazenda. Na terceira onda, o barista surge fazendo a bebida na frente do consumidor apresentando vários métodos diferentes de preparo.  

Torra: clara e média
Espécie: Arábica
Volume: baixo
Qualidade: alta
Métodos: chemex, hariov60, kalita, expresso, latte art
Principal ponto de venda: cafeterias independentes

Independente de qual onda você se encaixe melhor, quero te convidar a provar com a gente a terceira onda. Se você não gostar, sem problemas, mas já te aviso que é um caminho sem volta.