Já imaginou um café naturalmente doce? Um café que você não precisa colocar açúcar, adoçante, stevia, xylitol e qualquer outro tipo de substância para adoçar? Na verdade, você já parou pra pensar porque você adoça o seu café? Eu te digo o motivo, porque eu fazia isso também. É porque ele é amargo, e você, assim como a maioria das pessoas, não curte muito esse sabor. Talvez o que eu vou te contar será uma das maiores revelações da sua vida, daquele tipo que você vai se perguntar: como eu passei minha vida toda não sabendo disso? A verdade é que existe um café que não é amargo. Ele não precisa ser adoçado porque já é docinho por natureza e é por natureza mesmo. O nome dele é café especial. Vou te contar mais, chega ai…

 

A Planta
Vamos começar olhando o café por outra perspectiva. O que a gente adora tomar é basicamente uma semente torrada e moída. O café é a semente do cafeeiro no qual existem mais de 100 espécies. As mais conhecidas são as espécies Coffea Canephora (mais conhecido como Robusta) e Coffea Arabica. O Robusta se assemelha a um arbusto enquanto que o Arabica é mais espaçado como uma árvore mesmo. Ambas podem ter variedades nos frutos.

Indo direto ao ponto, o café especial é produzido com a espécie Arábica. Essa espécie dá um café com doçura, acidez, sem amargor, perfumado e isso tudo tendo como um dos fatores o número de cromossomos que é o dobro do Canephora, o que traz mais complexidades a planta. O Robusta resulta em um café mais encorpado e com menos peculiaridades. Ele tem menos nuances de sabor se comparado ao Arábica por influência dos seus apenas 22 cromossomos.

Foto via https://greencoffes.org/green-coffee-information/arabica-robusta-coffee-plant/

Aqui tem uma tabela com as principais e mais importantes diferenças entre as espécies:

O que a maioria dos brasileiros toma é o Robusta ou então uma mistura de Robusta com Arábica (de baixa qualidade). Apesar do Brasil consumir mais o Robusta, sabe qual mais produzimos? O Arábica. E agora você pode estar pensando que faz todo o sentido aquela frase: o café bom é exportado e o ruim fica no Brasil. E aqui vai outra revelação: é mentira. Tem café Arábica no Brasil sim, eu estou tomando um agora, por exemplo.

Bem, agora que já está claro que o café especial vem da espécie Arábica, te digo que não é só isso que faz ele ser um café especial e ter doçura e demais nuances.

A produção

Sendo praticamente artesanal, apenas grãos bons são colhidos e separados. Diferente do processo de colheita do Robusta onde, em sua maioria, a colheita é feita por máquinas que colhem todos os grãos da planta, inclusive grãos verdes, podres, maduros, pedrinhas e galhos. Após a colheita, existem alguns processos como a secagem e lavagem do café que seguem critérios rigorosos.

O próximo tópico é pra mim a parte mais linda de toda essa história.

A comercialização

Existe transparência na cadeia deste tipo de café. Para um café ser especial, ele precisa trazer algumas informações na embalagem, como por exemplo: região, nome da fazenda, altitude, variedade do grão, torra, etc… Desde o consumidor, o barista, a cafeteria, o torrefador, todo mundo sabe de onde esse café veio e isso é muito bacana porque traz empoderamento para o produtor.

A torra

O próximo processo é a torra que basicamente são de 3 tipos: clara, média e escura. Cafés especiais geralmente recebem uma torra clara ou média, porque esse processo também é responsável por ressaltar a doçura do café bem como acidez. Não adianta você ter um café Arábica que recebeu uma torra escura, pois isso pode fazer com que os sabores do café sejam perdidos.

Foto via https://1912pike.com/common-coffee-roast-questions/

Não é a toa que ele se chama café especial. Todo esse cuidado desde a plantação, passando pela produção, comércio e torra é o que garante um café de qualidade que é produzido aqui mesmo no nosso país. Que tal se dar um pouco de doçura através de um café? Sem açúcar no caso.